terça-feira, 7 de junho de 2011

Reflexões de aniversário

Aniversários são datas realmente muito interessantes, cheias de pessoas alegres, dias belos (mesmo com chuva e frio), presentes, festas e amigos. A data que representa nossa chegada a este lindo mundo cheio de surpresas agradáveis. Uma data que nos leva aos dias da infância, quando criança, os aniversários são tudo que esperamos depois do Natal e do Ano Novo, pois sempre esperamos a grande festa do nosso aniversário, e quando ganhamos, vamos aos céus por algumas horas.


No entanto ao que parece ninguém em todo Ocidente parece visualizar o outro lado dos aniversários e suas conseqüências. Fico me perguntando os porquês de as pessoas neste mundinho ocidental gostarem tanto dessa data?

Iniciando pelo nascimento, não preciso nem dizer muito, já nascemos chorando e berrando aos quatro ventos nossa indignação por ser obrigados a deixar o ventre materno e o “lado de lá” e viver por aqui. No Oriente, a data do nascimento das pessoas é um dia de pranto.

Até os quatro anos nós não temos idéia do motivo da festa, em alguns casos o efeito da festa é muito susto e medo para a criança e dor de cabeça para a mãe. E nos anos seguintes nas festas de aniversário a única pessoa não feliz é a nossa mãe. Despenteada, arrancando os cabelos, cansada, irritada... quase aos prantos, enquanto todo mundo desfruta da festa. E no fim, os convidados todos, sem exceção, e em especial a sogra e a cunhada maléfica, vão embora com vários defeitos e contratempos da festa a contar pra todo mundo que conhecem, como doces quentes ou insuficientes (como se doces em algum ponto da história humana tenha sido suficiente para alguém), salgados frios, bolos enjoativos, decoração horrível, banheiro sujo e disputadíssimo e bebidas quentes. Nós, felizes aniversariantes, dormimos felizes e empanturrados, e nossas mães desmaiam em qualquer canto que restou limpo, pronta para os próximos dias de continuação da terrível festa.

Dias, semanas e meses seguintes nossas mães nos fazem pagar por cada stress, qualquer coisa, qualquer motivo será motivo para um castigo, um berro ou safanão acompanhados de todo um discurso sobre o sacrifício dela e dos gastos incalculáveis daquela festa.

E depois que crescemos? Você, caro leitor, acha que melhora? Lógico que não.

Datas de aniversário são motivos de muitos sorrisos amarelos, desejos de boas novas, abraços distantes, ações hipócritas e “amigos” que não vemos a anos a nos enviar os insólitos cartões, e-mails e posts de Parabéns. Grandes presentes para iniciar bem um dia que marca mais um ano de vida, um passo a mais em direção de nosso grande espetáculo, o fim da juventude e início da velhice (se tiver a sorte de viver tanto) e no fim, a morte.

Aniversários tem amigos e família, felizmente. Eles são nossos bálsamos diante da aspereza da vida e do cotidiano. No entanto, nenhum jardim que se preze só tem flores. Os anti-amigos são necessários em nossas vidas, e é justamente nos aniversários que eles surgem com todos os seus defeitos mais repugnantes, para nós, e se aproximam de nós para os tradicionais abraços, apertos de mão e desejos de boas novas e felizes aniversários vindouros, muito embora tenhamos a certeza absoluta que eles desejam ardentemente que caiamos de uma escada qualquer e quebremos as duas pernas e, pelo menos, três costelas. Dos chefes, nem é preciso falar muito, basta dizer que fazem parte de uma categoria social que está aí para serem os inimigos nº 1 de todo funcionário. Não há chefe bom, só chefes que desejam parecer melhores para tentarem atingir mais os funcionários.

Assim, terminando logo este texto e tentar ser mais sucinto possível e, assim, ser lido por todos – o que é muito difícil, eu sei, afinal de contas textos com mais de dois parágrafos curtos já é longo e chato demais para a maioria – peço a todos que considerem as minhas palavras e façam o sincero favor de esquecer a data de meu nascimento e esqueçam comigo que eu faço aniversários. O dia e o ano que nasci só são interessantes para os médicos, meu banco, minha seguradora e para o INSS. Que tal comemorar datas mais importantes, sejam elas quais forem, menos os aniversários?


(Texto postado no mural do meu trabalho, de forma a observar a reação das pessoas e levar a algumas discussões pertinentes à naturalização das festividades)